Outro dia desses aprontei um encontro diferente: consegui reunir quatro grandes personagens do Romantismo. Foi difícil por causa da agenda, mas foi uma conversa proveitosa.
Encontram-se Werther de Os sofrimentos do Jovem Werther, Gustav de Morte em Veneza, Romeu de Romeu e Julieta, Carlos de Eugénie Grandet e o “homem do penhor” de Criatura Dócil, que aparece como Dost (em referência ao autor Dostoiévsky):
Werther: Ó céus, ó vida! Será que ela me ama?
Gustav: Não fica assim, Werther! Pelo menos você conversa com ela! E eu que não sei ao certo qual o tipo de admiração que aquele menino do hotel causa em mim? Sua beleza , sua juventude, sua naturalidade, sua espont...
Romeu: Há-há! Vocês não sabem o que é amar uma mulher e ter seu destino separado por...
Carlos: Já sei! Duas famílias: Capuleto e Montéquio e blá blá blá! Duvido que alguém tenha um pior que o meu! Eugénie é linda, rica, formosa, mas tem um pai avarento que causa desespero. Além disto me mandou para bem longe dela...
Dost: Vocês têm que ser fortes!
Werther: Como ser forte? Explica-me!! Se este sentimento nobre, puro domina todo o meu ser e suga todas as minhas forças? À Carlota entrego todo o meu coração, minha alma...
Carlos: Segura! Segura! Ele vai se matar de novo!
Romeu: Ó Werther! Como eu o compreendo! Esta emoção que pulsa dentro de nós, leva-nos à loucura! A razão foge... o coração fica... a beleza de Julieta me encanta, seu sorriso me conforta! Seus lábios me fazem acreditar na supremacia da beleza feminina sobre a mente racional do homem...
Gustav: Realmente, a beleza é a porta de entrada para os devaneios da mente humana. É uma arte tão natural que chega a ser bela somente pela sua forma. Ou seja, pelo fato de existir! A essência é colocada de lado em nome do fascínio que a perfeição da construção humana é capaz de criar!
Dost: Vocês são uns fracos!
Carlos: Falou o “cara”!
Dost: Vocês têm que tomar a rédea da situação. Tem que ter domínio e poder sobre as damas! Não pode permitir que os anseios do coração dominem sua racionalidade.
Werther (chorando): Humpf... você diz isto, mas ao ver o desprezo de sua esposa também ficou louco...
Dost: Que nada! Fiz o que achei certo, coloquei-a no lugar dela. É isto que vocês deveriam ter feito...
Romeu: Mas não resistiu quando a viu doente!
Dost: Cuidei dela sim. Lógico, ela quase me matou! Apontou-me uma arma... é que eu fingi que não vi! E a culpa foi dela por nosso relacionamento não ter dado certo. Ela bem que poderia ser mais presente...
Carlos: É fácil colocar a culpa nos outros, não é? E você? O que me diz? Você dava atenção necessária para ela? Você é um covarde...
Dost: Ora vejam, quem fala! Você não lutou o suficiente para ficar ao lado de Eugénie e ela ainda, coitada, teve que pagar sua dívida... Covarde!
Romeu: Ei! Quem pode falar em coragem aqui é só eu e o Werther. Nenhum de vocês tem noção do que é morrer por alguém.
Dost: Nem quero saber!
Werther: Seu insensível! Todos nós vimos o seu desespero quando sua esposa ficou doente. Cuidou dela, não por “medo”; mas, sim, como se quisesse se desculpar por tudo que havia feito à ela...
Romeu: Galera, admitamos! Todos nós carregamos dentro de si este sentimento por alguém. E fomos capazes de cometer loucuras que ultrapassassem a razão que cada um tem dentro de si...
Gustav (cochicha): para um adolescente até que ele tem raciocínio
Carlos: Cada um tem sua concepção de racionalidade e, ao amar alguém, ultrapassou, nem que fosse o mínimo, este limite inconsciente.
Dost: É tenho que admitir... nunca pensaria que sentiria ciúmes da minha esposa. Muito menos em tratá-la com tanto afeto...
Werther: Então... não adianta sair me acusando de louco! Minha racionalidade foi ultrapassada. E meu limite é a morte para o que eu sinto por Carlota!
Carlos: Segura! Segura!
Romeu: O meu também! Este é o grande “barato” de amar!
Carlos: Deixa-me ver se entendi... É poder sentir este prazer de ultrapassar os limites da razão em nome de um sentimento que brota do fundo do coração
Romeu: Até rimou, que belezinha!
Dost: Isto mesmo! E, por mais rígido que você seja, esta paixão tomará conta de você e em algum momento você se dará conta disto...
Gustav: e se sentirá o mais belo dos seres humanos...
Romeu: o mais bobo...
Werther: o mais louco...
Carlos: o mais bem-resolvido...
Dost: o mais poderoso...
Devido à dificuldade e o horário corrido dos personagens, eles se despediram e foram embora. Nenhum deles entendeu muito bem como foram se encontrar ali.
Ah! Quanto a mim? Estava atrás da porta. Shhhh...
3 comentários:
Não é à toa que te admiro! Não deixe que outras pessoas impeçam suas "viagens" pq, geralmente, o destino é bem interessante. E se te disserem que não faz sentido, que é superficial, ou carregado de valores, diga "dane-se" e volte a contemplar o paraíso da sua imaginação. Pq tudo aquilo já faz parte da gente... bom mesmo é perceber, trabalhar, analisar e viajar em cima disto, não?!? Aliás... quem foi que disse que iria pra França ainda este ano?!? Aqui na Itália, tudo certo!
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Com carinho, J.H
Que jeito mais bizarro de falar de amor, hein?!
O que precisa agora é promover um encontro Mdme Bovary, Sra. de Renal, Joana D'Arc (hahahah), Luísa e Teresa Albuquerque, que tal?!?
Acho que, como sempre, elas só iriam trocar receitas e pontos de crochê ;))
Brincadeira, minha amiga, só teci um leve comentário (bem) machista :O para te provocar. Adoro discutir contigo!! Fica com Deus, querida!
Um abraço, Matheus
Matheus, acho que este encontro promoveria muito mais descobertas do que pode imaginar. Só não o faço porque corro o risco de entregar algumas "armas femininas". E não fique triste, vocês também têm as suas. Estou com saudades, moço sumido!!
Vê se aparece por Campinas...
Beijos!!
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