terça-feira, 28 de novembro de 2006

Sandices

Aqui no meu trabalho, neste exato momento, cai uma chuva torrencial. O ceú pretejou, as nuvens se aglomeraram, a faxineira avisou "vai cair um toró" e, naquele espaço do cafezinho, todos compartilharam e comentaram a preparação dos céus para este dilúvio. Ele teve o dia inteiro para ligar, exatamente todas as horas disponíveis antes desta. E ligou só agora, com este tempo, que não posso sair da minha sala nem para respirar. Ligou para outra. Sim, deixou-me com uma dor sem tamanho. Pois é, ele gosta de castigar. Obrigou-me a compartilhar com o céu todo este derramamento de água que agora acumulo em mim, pois não posso desaguar-me aqui. Não bastasse uma, ligou duas vezes. Enquanto vejo o céu se regalar e se desfazer em água, desfaço-me em palavras perdidas, não concatenadas, que saem de um coração transbordante trancado a sete chaves e à prova d'água.

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