Era uma rua inacessível ao pensamento.
E deste não pensar, não existia coisa alguma.
Não era larga, nem estreita pois isto são qualidades de quem pensa e lá não tem espaço.
Aliás, espaço tem – vazio.
E deste não ocupar, não existir e não pensar surgem coisas que existem somente neste lugar não-pensante.
Nem jardins, nem flores, nem amoras, nem amores, uma rua
apenas.
Para existir paraísos é preciso pensar
E pensar muito, ora essa
Vamos até o inferno e descobrimos o que é a dor
Para, aí sim, sentirmos o paraíso
Só sentimos grandes prazeres quando já experimentamos grandes dores
Viu só?
Duas coisas para sentir uma
Na minha rua, não
Sente-se tudo, pensa-se em nada
E não é por preguiça
É por não caber
Ou, simplesmente, para zombar do meu pensamento
Que tem em si a pretensão de preencher todos os espaços
Conhecer todos os lugares
E orientar todos os sentimentos.
Esta rua ele não conhece
Ou porque não sabe
Ou porque não cabe
Ou porque ela não existe mesmo
Mas o pensar insiste em procurá-la
E a cada tentativa infundada
A rua abre-se em contentamento
Um raio de sol ilumina os ladrilhos
A esquina esboça um largo sorriso
As águas espalham-se pela calçada
E todos os meus sonhos são refletidos
8 comentários:
Pow, em teu blog a poesia oxigena...
voltareia a restrear o ar que dar vida a este ambiente!
Abração!
Olá Clara,
Obrigado por responder ao meu comentário, acho importante o dono do blog responder aos leitores. Deixa o blog mais "humano".
Sobre o post de hj,está incrivel(juro que não vou mais achar que você está apaixonada) rsrs
beijos
É deixar o corpo ir, asfalto criando passos, surdez. É o vazio que cabe.
Beijo!
Wagner,
Bem-vindo ao Ás.
Confesso que visitei o teu blog e fiquei feliz por ter um leitor como você. Volte sempre que precisar de ar, só que os ares por aqui são bem variados :)
Obrigada pelo comentário.
Beijos
Olá Icaro,
se ter a convicção que estou apaixonada deixar tua leitura mais agradável, creia: estou apaixonada :)
Todo leitor tem autonomia para isto.
Obrigada novamente,
espero "vê-lo" mais vezes por aqui.
Beijos
Su,
sim, se há uma rua, que haja asfalto, passos e surdez. Basta para formar o silêncio em si cabível.
Adorei teu complemento! Agrada-me a idéia de compartilhar certos "endereços" de águas, sorrisos e sonhos refletidos :)
Beijos
Não sou pensamento, gostaria de sê-lo. Mas estou feliz por não ser, assim tenho chance de encontrar, um dia, esta rua... e, quem sabe, entrar e enxergar todas as cores de teus sonhos para que eu possa trazer, pelo menos, uma delas.
alguém já te disse que você pensa demais?
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