segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Foco
Não que eu seja adepta da técnica aplicada aos fios de algodão da realidade que, com um sopro de dúvida, não sustenta nem suas próprias convicções dirá as aplicações.
Mas não resisti em estabelecer certos paralelos.
Fui cobrir uma palestra sobre Engenharia de Produção: carreira, entrevista, profissional de sucesso, valores, marketing, ativo, capital e toda a lambança de jargões empresariais que contribuíram definitivamente para a minha ascensão espiritual: uma discreta auto-sessão de "á-huuumm" para me situar, quem sabe, em meio àquele emaranhado de assuntos "profícuos".
No entanto, nada a temer, o palestrante era bom. E logo logo ele tratou do tema de forma mais concreta e amarrou todas as abstrações. Numa dessas amarrações (tenho que confessar, eu participei ativamente da palestra), ele falou sobre foco e estabeleceu-se um alvoroço em torno dos pressupostos e/ou pontos de partida do Brasil -- que não tem nenhuma perspectiva de crescimento intenso nos próximos, ai, segurem, cinquenta anos -- em relação à Índia e a China que, segundo as estatísticas malucas dos economistas, têm perspectivas gigantescas de crescimento. Papo vai, papo vem, opinião vai, opinião vem, ego vai, ego vem, cala a boca vai, cala a boca vem, o problema era foco. Vou enfatizar: FO-CO. Ou seja, o Brasil não tinha FO-CO, ao passo que os outros países possuíam um plano de desenvolvimento e todos aqueles blá-blás sociais e econômicos. Em poucas palavras, se o Brasil focasse em um, apenas um, atenção, vou enfatizar: apenas UM ou, no MÁ-XI-MO, três aspectos para investir toda a sua atenção, todos os problemas estariam resolvidos.
Pergunto: alguém acredita?
Outro dia, li um desses textos melosos sobre amor: juras eternas, meu amor pra cá, minha querida pra lá, eu te amo, você é tudo pra mim e toda a lambança de jargões românticos que contribuíram definitivamente para a minha ascensão espiritual: uma discreta auto-sessão de "ai-que-saco-mas-vamos-continuar" para me situar, quem sabe, em meio àquele emaranhado de assuntos "profícuos".
No entanto, nada a temer, o escritor era bom. E logo logo ele tratou do tema de forma mais concreta e amarrou todas as abstrações. Numa dessas amarrações (tenho que confessar: de alguma forma, aquilo estava me comovendo), ele escreveu sobre foco e estabeleceu-se o alvoroço (dos leitores) em torno dos pressupostos e/ou pontos de partida da leitora-eu -- que não tem nenhuma perspectiva de entendimento nos últimos ai, segurem, vinte e dois anos -- em relação ao leitor-eu e ao bom-leitor-eu que, segundo as estatísticas malucas dos machistas e feministas (que são machistas, ou seja, dá no mesmo), têm perspectivas gigantescas de entendimento. Papo vai, papo vem, opinião vai, opinião vem, superego vai, superego vem, loucura vai, loucura vem, lucidez vai, lucidez vem, o problema, segundo o escritor, era foco. Vou enfatizar: FO-CO. Ou seja, a leitora-eu não tinha FO-CO, ao passo que os outros leitores-eus possuíam um plano de desenvolvimento e todos aqueles blá-blás intelectuais e "esnôbicos". Em poucas palavras, se a leitora-eu focasse em um, apenas um, atenção, vou enfatizar: apenas UM ou, no MÁ-XI-MO, três aspectos para investir toda a sua sedução, todos os problemas estariam resolvidos.
Pergunto: alguém acredita?

4 comentários:

Anônimo disse...

Então meu país seria uma super-potência: meu foco é você.

Anônimo disse...

Olá Ana Clara,
e eu que achava que seu foco era justamente a sedução (pelo menos vc consegui me seduzir com suas palavras) rsrs
beijos
Ahhh, vi seu orkut, e olha, além de bela escritora, é uma bela menina.
beijos

Anônimo disse...

Muito bom isto aqui, mas, às vezes, para seduzir basta um olhar ou um sorriso. Não mais. Boa sorte!

Anônimo disse...

De repente, vai que pode dar certo...
Vou tentar.