terça-feira, 29 de agosto de 2006

Perguntas não-aceitas
Alguns chamam de instinto jornalístico, outros de rebeldia fajuta; para uns a culpa é do signo, para outros da minha formação; muitos atribuem a um poder metafísico e transcedental chamado "jeito de ser", outros a uma impertinência e burrice próprias da juventude...

Admito: nem sempre -- ou quase nunca -- meus questionamentos são socialmente aceitáveis (ou convenientes, tudo é uma questão de "dar nomes"). Não que eu invada a privacidade das pessoas e ultrapasse o limite da "propriedade privada de temas" a serem discutidos na mesa de um bar, por exemplo; não que eu não entenda as piadas, pelo contrário, geralmente, dou continuidade (sem muito sucesso, mas isto vale outros motivos para rir); não que as perguntas sejam tão óbvias, a ponto de levar meus interlocutores a questionarem se eu consigo bater palmas sozinha. O que acontece, então, que eu sou mestre na arte de desconcertar as pessoas? Longe de ser um mérito conseguir silenciar uma conversa e ser bombardeada por olhares inquisitores, eu só observo (muito, eis o problema), escuto e questiono.
Um avanço. Afinal, antes, eu perguntava e falava demais. Agora, só pergunto. Lógico, um recuo estratégico, pois na arte de "falar demais" eu era sempre contra-atacada quando havia alguma autoridade presente. Autoridades não gostam de gente que fala. E, quando se trata dos "donos da verdade", não adianta discutir.
Como há em mim um certo instinto -- instinto mesmo, é quase incontrolável -- insubmisso, tive que sair por alguma via e adotei a pergunta. Além de evitar a enxurrada de críticas aos pressupostos do meu discurso oral, ao colocar-me na condição de aprendiz, quase de imbecil mesmo, permito-me fazer os tais questionamentos. No entanto, até as perguntas têm o seu caráter ignóbil (por mais cara de inocente que eu tente fazer, ou por mais singela que seja a dúvida mesmo). E dá-lhe indiscrições... minhas, claro.
Admito outra coisa: eu me divirto demasiadamente com tudo isto.

4 comentários:

Anônimo disse...

Ana Clara, come on, você não fala demais?!? Piada! Note que isto é uma qualidade tua admirável (para mim, pelo menos). Claro que a insubmissão faz parte de todo teu charme...
É certo que tuas perguntas, por vezes, soa deselegante, mas desconstrói certas situações patéticas e - depois de aprender a não querer pular em teu pescoço com suas ironiazinhas e joguinhos sarcásticos - eu também me divirto... mucho!!!
Abraços!

Anônimo disse...

Talvez lhe caísse bem alguma modéstia, pois mesmo quando ri de si mesma é na forma de auto-elogio. Um tanto chato e como escreve bem talvez pudesse aproveitar melhor a "caneta". Abraço

Anônimo disse...

Ei, jpf, não fosse a tua larga experiência em me contrariar... eu diria que teu comentário é suspeito.
Pelo menos, você se diverte =D
Beijos!

Anônimo disse...

Olá, anônimo(a).
Preciso treinar mais a comunicação dos meus posts, pois tentei refletir sobre críticas feitas a mim pessoalmente, não fazer auto-elogio. De qualquer forma, agradeço o comentário (faltava um contraponto por aqui).
No mais, vou repensar o uso da minha "caneta"...
Beijos