sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Entre dois infernos
Há um paraíso
Que a menina observa atrás da grade

Várias borboletas circulam por ali
Umas rápido, outras devagar
Algumas duram muito tempo
Outras só se sabem que passou
Pelo cheiro de pouco ar remexido

No centro do paraíso
Há uma deusa
Cercada pelas melhores flores,
plantas, águas, ares, cores e sabores
Um altar em que se impõe o totem
Rodeado das mais belas coisas do mundo

Já o resto do lugar carecia de cuidado
Como quem oferece tudo
E até o riso lhe é negado

Neste exato momento
A menina atrás da grade teve um sonho:

Tornou-se borboleta
atravessou os liames de ferro
e soprou de longe um gostoso ar de açúcar cândi
O pássaro reverencioso, antes prostrado diante do culto,
Sentiu naquela terna brisa, trazida pelo ocaso dos ventos,
uma felicidade tamanha
Como nunca havia sentido
Então ele tornou seus olhos para o céu
Sacudiu as asas
Alçou vôo e...

De repente, a menina acordou
com o estilhaço do medo dele batendo nas grades
O pedaço viera voando lá de alguma explosão
dos confins de um dos infernos

3 comentários:

Anônimo disse...

Você é encantadora!

Anônimo disse...

Quero tuas covinhas pra mim.

Thiago Borges disse...

Srta. Clara...quantos jardins, quanto vento...quantos dias, quanto tempo...