sexta-feira, 19 de maio de 2006

Outro dia desses aprontei um encontro diferente: consegui reunir quatro grandes personagens do Romantismo. Foi difícil por causa da agenda, mas foi uma conversa proveitosa.

Encontram-se Werther de Os sofrimentos do Jovem Werther, Gustav de Morte em Veneza, Romeu de Romeu e Julieta, Carlos de Eugénie Grandet e o “homem do penhor” de Criatura Dócil, que aparece como Dost (em referência ao autor Dostoiévsky):

Werther: Ó céus, ó vida! Será que ela me ama?
Gustav: Não fica assim, Werther! Pelo menos você conversa com ela! E eu que não sei ao certo qual o tipo de admiração que aquele menino do hotel causa em mim? Sua beleza , sua juventude, sua naturalidade, sua espont...
Romeu: Há-há! Vocês não sabem o que é amar uma mulher e ter seu destino separado por...
Carlos: Já sei! Duas famílias: Capuleto e Montéquio e blá blá blá! Duvido que alguém tenha um pior que o meu! Eugénie é linda, rica, formosa, mas tem um pai avarento que causa desespero. Além disto me mandou para bem longe dela...
Dost: Vocês têm que ser fortes!
Werther: Como ser forte? Explica-me!! Se este sentimento nobre, puro domina todo o meu ser e suga todas as minhas forças? À Carlota entrego todo o meu coração, minha alma...
Carlos: Segura! Segura! Ele vai se matar de novo!
Romeu: Ó Werther! Como eu o compreendo! Esta emoção que pulsa dentro de nós, leva-nos à loucura! A razão foge... o coração fica... a beleza de Julieta me encanta, seu sorriso me conforta! Seus lábios me fazem acreditar na supremacia da beleza feminina sobre a mente racional do homem...
Gustav: Realmente, a beleza é a porta de entrada para os devaneios da mente humana. É uma arte tão natural que chega a ser bela somente pela sua forma. Ou seja, pelo fato de existir! A essência é colocada de lado em nome do fascínio que a perfeição da construção humana é capaz de criar!
Dost: Vocês são uns fracos!
Carlos: Falou o “cara”!
Dost: Vocês têm que tomar a rédea da situação. Tem que ter domínio e poder sobre as damas! Não pode permitir que os anseios do coração dominem sua racionalidade.
Werther (chorando): Humpf... você diz isto, mas ao ver o desprezo de sua esposa também ficou louco...
Dost: Que nada! Fiz o que achei certo, coloquei-a no lugar dela. É isto que vocês deveriam ter feito...
Romeu: Mas não resistiu quando a viu doente!
Dost: Cuidei dela sim. Lógico, ela quase me matou! Apontou-me uma arma... é que eu fingi que não vi! E a culpa foi dela por nosso relacionamento não ter dado certo. Ela bem que poderia ser mais presente...
Carlos: É fácil colocar a culpa nos outros, não é? E você? O que me diz? Você dava atenção necessária para ela? Você é um covarde...
Dost: Ora vejam, quem fala! Você não lutou o suficiente para ficar ao lado de Eugénie e ela ainda, coitada, teve que pagar sua dívida... Covarde!
Romeu: Ei! Quem pode falar em coragem aqui é só eu e o Werther. Nenhum de vocês tem noção do que é morrer por alguém.
Dost: Nem quero saber!
Werther: Seu insensível! Todos nós vimos o seu desespero quando sua esposa ficou doente. Cuidou dela, não por “medo”; mas, sim, como se quisesse se desculpar por tudo que havia feito à ela...
Romeu: Galera, admitamos! Todos nós carregamos dentro de si este sentimento por alguém. E fomos capazes de cometer loucuras que ultrapassassem a razão que cada um tem dentro de si...
Gustav (cochicha): para um adolescente até que ele tem raciocínio
Carlos: Cada um tem sua concepção de racionalidade e, ao amar alguém, ultrapassou, nem que fosse o mínimo, este limite inconsciente.
Dost: É tenho que admitir... nunca pensaria que sentiria ciúmes da minha esposa. Muito menos em tratá-la com tanto afeto...
Werther: Então... não adianta sair me acusando de louco! Minha racionalidade foi ultrapassada. E meu limite é a morte para o que eu sinto por Carlota!
Carlos: Segura! Segura!
Romeu: O meu também! Este é o grande “barato” de amar!
Carlos: Deixa-me ver se entendi... É poder sentir este prazer de ultrapassar os limites da razão em nome de um sentimento que brota do fundo do coração
Romeu: Até rimou, que belezinha!
Dost: Isto mesmo! E, por mais rígido que você seja, esta paixão tomará conta de você e em algum momento você se dará conta disto...
Gustav: e se sentirá o mais belo dos seres humanos...
Romeu: o mais bobo...
Werther: o mais louco...
Carlos: o mais bem-resolvido...
Dost: o mais poderoso...

Devido à dificuldade e o horário corrido dos personagens, eles se despediram e foram embora. Nenhum deles entendeu muito bem como foram se encontrar ali.

Ah! Quanto a mim? Estava atrás da porta. Shhhh...

3 comentários:

Anônimo disse...

Não é à toa que te admiro! Não deixe que outras pessoas impeçam suas "viagens" pq, geralmente, o destino é bem interessante. E se te disserem que não faz sentido, que é superficial, ou carregado de valores, diga "dane-se" e volte a contemplar o paraíso da sua imaginação. Pq tudo aquilo já faz parte da gente... bom mesmo é perceber, trabalhar, analisar e viajar em cima disto, não?!? Aliás... quem foi que disse que iria pra França ainda este ano?!? Aqui na Itália, tudo certo!
Veja seu email!
Com carinho, J.H

Anônimo disse...

Que jeito mais bizarro de falar de amor, hein?!
O que precisa agora é promover um encontro Mdme Bovary, Sra. de Renal, Joana D'Arc (hahahah), Luísa e Teresa Albuquerque, que tal?!?
Acho que, como sempre, elas só iriam trocar receitas e pontos de crochê ;))
Brincadeira, minha amiga, só teci um leve comentário (bem) machista :O para te provocar. Adoro discutir contigo!! Fica com Deus, querida!
Um abraço, Matheus

Ana Clara disse...

Matheus, acho que este encontro promoveria muito mais descobertas do que pode imaginar. Só não o faço porque corro o risco de entregar algumas "armas femininas". E não fique triste, vocês também têm as suas. Estou com saudades, moço sumido!!
Vê se aparece por Campinas...
Beijos!!