quinta-feira, 5 de abril de 2007

[Fragmento de anotações do pacote "ahn?"]
Cuba, 12 de março
Monumento a Che
Santa Clara, depois de visitarmos o monumento a Che e distanciarmos uns 300 metros dos guardas, sussurrando:
"Ana Clara, eu gostava dele assim como você. Sempre foi um ídolo para mim, um exemplo, além, é claro, de ser bonito... até um dia que eu descobri a verdade sobre ele"
"'Verdade sobre ele'? Uau! O quê?"
Sussurrando mais baixo ainda:
"Descobri que ele era comunista"
Pasmo.
Esta afirmação, com o grau de suspense "verdade sobre ele", deixou-me um pouco confusa. Ora essa, porque, simplesmente, para mim, isto era óbvio, o ponto de partida; ou, pelo menos, eu creía que era.
A moça só ousou falar isto em voz baixa e depois de andarmos um bom trecho além do monumento [na verdade, é um misto de monumento, museu e casa-de-túmulo]. As pessoas não podem expressar-se aqui e me pergunto que tipo de liberdade é esta. Pergunto da mesma forma que questiono a tal "liberdade" e/ou "democracia" que dizem existir em meu país.
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10 de março
"Ana Clara, preferia que você fosse mais burrinha e soubesse cozinhar. Seria minha nora perfeita"
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8 de março
Quando estávamos embarcando para Manzanillo, à noite, o rapaz que tinha reservado nossa passagem de manhã havia sido preso à tarde. [...]

2 comentários:

Anônimo disse...

Como digo em muitos de meus textos sou um burgês scielista, sim, isso mesmo, um burguês que descr~e na burguesia e acredita fielmente no povo, n liberdade de ação e expressão e no estado "inexistente", sou um anarquista utopico, pois sei que há um "Q" de utopia em tudo o que acredito, porém sou obrigado a compartilhar de sua pergunta! Que liberdade é esse existente em Cuba? Um país dito socialista a serviço do capitalismo selvagem? e o pior, o Brasil uma Republica Feredativa Democrata, onde a censura está na boca do povo e a execução na mão da polícia e do bandido, onde a ditadura é "invísivel" ao olho nu! Que liberdade é esse em que vivemos?

Eu, não gostava muito do Che até descobrir que ele era comunista! hehe

Ana Clara disse...

Olá, Gaspar.
Eu discordo de muita coisa que você colocou. Primeiro, burguês descrente da burguesia é um contrasenso. O fato de vc se nomear burguês significa que há uma certa crença (boa ou ruim) na burguesia. Quanto ao paradoxo em relação ao socialista, nem preciso tecer muito. E, ah, agora num plano mais pessoal, eu sou a favor do Estado em vários aspectos.
Não encare mal, por favor, eu gosto de pessoas que pensam diferente. De pessoas que pensam igual eu já estou farta :), hum, creio que nós estamos, não?!?
Em relação à liberdade, pois é, há vários acontecimentos ao longo da viagem que remetem a este tema. Só não coloco todos porque fica muito redundante e, sei lá, não sei se o meu diário interessa tanto assim às pessoas :).
Volte a aparecer no Ás sempre que puder, já estava sentindo tua falta :))
Beijos