segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Leitura
Eu o leio. Leio até o fim com a astúcia que me é permitida, nem que ele coloque veneno em cada página que eu virar, nem que a capa se encha de espinho, nem que o cheiro se torne intragável, nem que ele escreva as palavras mais horrendas, nem que cada leitura se torne uma guerra, nem que a cada linha ele queira arrancar minha vista. Não adianta. Ele não consegue esconder as entrelinhas da sua própria personalidade. O infeliz tenta, é verdade: se enche de páginas de propaganda de vileza, crueldade, frieza e, claro, indiferença. Faz questão de colocar tudo isto em anúncios de exclusividade e primeira página, mas, desse livro, já conheço o índice e o prefácio e sei facilmente descartar estas propagandas baratas. Afinal, eu sei que os capítulos doçura, insegurança e carência estão nas páginas 172, 268 e 564 respectivamente. Confesso que até me divirto, como quando olho para uma propaganda ignóbil e me pergunto, sempre, como alguém pode acreditar numa coisa ridícula destas.

2 comentários:

Anônimo disse...

Acho que estou lendo este livro...
Ou é algum bem parecido...

Anônimo disse...

Eu não me referia a um livro, e, sim, a um personagem (desculpe-me se foi irônica, se assim for, são todos parecidos hehehe).
Obrigada pelo comentário,
seja sempre bem-vinda
Beijos