sexta-feira, 16 de junho de 2006

« Mais malheur à l’auteur qui veut toujours instruire ! Le secrete d’ennuyer est celui de tout dire »
(Ai do autor, porém, que sempre quer instruir! O segredo de entediar é o de dizer tudo)
Voltaire

A intenção da crítica é ótima, o alvo também, mas a forma não me agradou nem um pouco. O ataque ao consumismo, à super valorização da beleza, à neurose do homem contemporâneo é muito direto. E, vejam, não é que este tipo de crítica não seja válido. O escracho dos primeiros filmes de Almodóvar é magnífico. O problema é que a forma como “Crime Ferpeito” (é FerPeito mesmo), de Alexandre de La Iglesias, abordou, as críticas acabam se encerrando em si mesmas e não há nada além daquilo. Referências e analogias óbvias, símbolos, “dicas”, “final feliz” para a feia, nada disto contribuiu, na minha opinião, para algum esquema no filme. Tudo estava dado, não deixava vestígios para um aprofundamento. Porém, justiça seja feita, a abordagem daquelas questões, sim, suscita motivo para muita reflexão. E dá muita conversa no café. Mas não gostei da forma, há filmes mais “sutis” e outros tão “escrachados” quanto este que têm uma performance e um resultado muito mais “desconfortável”.

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