segunda-feira, 5 de junho de 2006

Não tenho recordação do último filme que me fez chorar tanto como hoje. Nenhum amor meloso, nenhuma morte trágica, nenhum desastre mundial, nenhuma cena de guerra, nenhum filho perdido, nenhuma miséria, nenhum trauma do passado, nenhum E.T de cara feia, nenhuma Auschwitz; nem navio afundando, helicóptero caindo, bomba explodindo, prédio despencando, carro atropelando, meteoro desabando, vírus se alastrando; nada de efeitos high-tech, personagens virtuais, homens voadores, mocinhas chorosas, bandidos malvados, vovózinhas bondosas, crianças-prodígio, femmes fatales e galãs charmosos; nenhuma descoberta mirabolante, nenhum monstro invencível, nenhum código indecifrável, nenhum tesouro a ser procurado, nenhum duelo fantástico, nenhum segredo revelado, nenhum objeto roubado; não tem polícia, político, FBI, Interpol, SWAT, exército, presidente dos EUA, terrorista, czar, profeta, imperador, rei, ladrão, pirata, cientista, demônio, anjo, cavaleiro, traidor; nem príncipe, nem princesa; nem duque, nem duquesa; nem barão, nem baronesa; nem camponês, nem camponesa; nem tirolês, nem tirolesa; tampouco “tico-tico lá”, dança, bunda, peito, coxa, boca, sexo, drogas e rock’n roll.
Considerando grande parte dos filmes atuais, parece que não sobrou nada, não é mesmo? Porém sobrou muita coisa – bem melhor, por sinal – e eu chorei, debulhei-me em lágrimas... se assistir de novo, volto a chorar. Como disse, não há nada, aparentemente, de super-mega-ultra tocante – em termos hollywoodianos. Um filme singelo como “Cinema Paradiso” foi até o fundo de algum lugar em mon âme que eu não sei explicar. Pode até parecer a coisa mais idiota deste mundo, mas eu me emocionei. E, para os meus caros colegas jornalistas, não sei quando, nem como, nem por quê, nem o quê, nem onde este filme exatamente me atingiu para ativar tão intensamente minhas glândulas lacrimais. Para não decepcioná-los (e a mim também), a trilha sonora é um bom caminho – depois do filme, chorei até ouvindo o “menu”.

PS1: Aluguei dois dvds para o fim de semana. Deixei o que eu julgava mais “emocionante” para depois e assisti o Paradiso durante o dia. Resultado: meu domingo inteiro foi bem aquático.

PS2: Sensibilizar-me em filme, sinceramente, é uma atitude na-da comum.

8 comentários:

Anônimo disse...

Pois é, aehbilenz, ainda há espaço para os filmes bons. Só espero que a indústria não os corroa de todo. E não se encabule, se isto te ajuda, eu também me desmanchei...

Ana Clara disse...

Obrigada, Joelma, d'accord. Ao sair destas fórmulas "prontas", abre-se caminho para a reflexão. E só. Para percorrê-lo, precisa ter disposição. É a corrosão disto que me preocupa mais. De resto, concordo contigo!
Abraço

Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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Anônimo disse...

Heya, Kaique, bem-vindo!
O filme não é muito antigo, não. É de 89 e vale a pena. Se quiser ficar com o pacote completo, alugue "Valentin", um menino de sete/oito anos que mora em Buenos Aires e sonha em ser astronauta. Garante umas boas risadas também ;)
Beijos!!

Anônimo disse...

Eu li viu???...rs...

Pois é, Campos do Jordão... é só combinar...

Anônimo disse...

Obrigada, Marco ;)
Quanto a Campos, deixa acabar o período de provas da Unicamp e eu vou pra SJC pra gente passear por lá!! Mas vai ter que me aturar, hein! Hehhehe
Vou combinar com a Cris, daí a gente se vê, blz?
Saudades de vcs!
Beijos!

Anônimo disse...

Clara! Não vi esse filme ainda...mas tô com vontade de ver.